Mulher é bicho engraçado. Hormonalmente confuso. E que demanda uma manutenção que não está no gibi. É unha. Cabelo. Vitamina disso e reposição daquilo. Sem falar na drenagem, academia, depilação. Que pode muito bem ser a laser. Ou de mel. E tem ainda a carnaúba. Última moda. Remove não só os pelos como manchas e riscos. E de lambuja dá um lustro uniforme ao final.
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Lembra?
3 ComentáriosBom é ser velho. Pelo menos foi o que eu li dias desses sei lá onde. E se me permite a pergunta sincera, Bom pra quem? Se em suma quase tudo dói. E o que não dói, repuxa. E se não repuxa, afrouxa (o que é ainda cem vezes pior, pode acreditar em mim).
Ô, manhê!
4 ComentáriosPense numa mulher doida por séries de Tv. Pois é. Agora, vá multiplicando. Até ficar insuportável. Taí. A própria. Que além de fanática numa boa história, era, também, a mãe de um bebezinho lindo.
Mas a pura santa verdade é que depois de várias temporadas, finalmente, era chegado o dia do Grand Finale. Com a tal em penitência. Mal dormiu, nem comeu. Aguardando pelo início do capítulo final.
Então, vejamos: desligou celulares? Sim. Estourou pipoca? Opa! Catou seu bebê e amarfanhou na poltroninha? Nem precisa perguntar de novo.
E começou. Com a Rainha Boa encurralada por lobos famintos. Que pior não lhe fizeram por conta de alguém surgido detrás das moitas. Amigo? Inimigo? O jeito era pagar pra ver.
Fica, vai
9 ComentáriosParir é mole. Ser mãe é muito mais.
É saber que os outros vão sair, dançar, viajar. E eu, não. Porque o fulaninho teve febre. Prova. Espinhela caída. Ou engripou e tá de dengo. E filho de dengo, já sabe, né? Só guenta quem tem. Que a parada é duríssima, colega. Vou te contar uma coisa…
Segundas Intenções
Deixe um comentárioVoltou para casa mais cedo. Eufórica. Perturbando a vizinhança inteira.
_Cês viram? Estreia nesta quinta: Marcas de um amor. Parte seis. A lenda continua. E aí? Quem topa?
Nenhuma resposta. Pelo contrário. A mãe alegou cansaço e uma crise reincidente de labirintite. A irmã, trabalho. E assim, todos. Um por um. Tia. Tio. Concunhado. Conhecida de porta. Mocinha que vende Avon. Até que colou numa amiga mais chegada. Com quem insistiu, à plena carga.
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Doida, eu?
6 ComentáriosEra uma vez um moço. E uma moça. Que decidiram namorar.
O início até foi fácil. Enquanto ele era um só. E se chamava Leonardo. O sufoco veio depois. Quando virou dois. Aí sim, a história começou a complicar.
_Pensa que estou brincando? Falo sério! – reclamou ela a uma amiga
_Cuméquié?
_Juan Ramón… Já viu isso? – mas num heroísmo típico de mulher apaixonada, abrandou _ Sei que não bebe. Nem rouba. Mas dupla personalidade? Tenha a santa paciência…
Até o dia em que ele, Leonardo, ligou mais cedo pra ela. Intimando.
_Acabou a moleza! Uma corridinha no parque é tudo que precisamos. Pode ser? Passo aí em meia hora – e desligou.
Restou a ela pular da cama e se arrumar. Tênis. Legging. Top. E o cabelo prendeu firme num rabinho. Mas quando abriu a porta foi Juan Ramón quem foi entrando e sugerindo um programa diferente.
_Vine a busca-la, mi amor, para que caminemos juntos em la playa. Ven conmigo, princesa…
Que mulher resiste a um convite assim? Com ela não foi diferente. Sumiu quarto adentro, retornando algum tempo depois. Leve e solta. De rasteirinha nos pés e canga amarrada ao pescoço.
Enquanto isso, apoiado na mesa da sala, Leonardo alongava.
_Tá doida, mulher? Que trajes são esses? Vá se arrumar. Ande. Eu espero… É cada uma…
E caminho da roça pra moçoila, que destrocou tudo de novo, reaparecendo em seguida. Surpreendida por um cheiro bom de refogado que vinha lá da cozinha.
_Escucha, corazón – disse Juan, enquanto lhe afagava os ombros_ Quiero quedarme aquí con usted. Disfrutando de una buena bebida, una canción y la comida que preparé solamente para ti…
Ela bem que gostou da ideia. Foi correndo descalçar e num zás-trás estava de volta.
_Ainda não tá pronta? – admirou-se ele. O Leonardo, é claro. Quem mais? _ Treino que é bom, nada, né?- e alfinetou _ Já ouvi fala em gente enrolada, mas você se superou…
Bastou para ela. Que fugiu. Desembestada. Para nunca mais voltar.
De lembrança não quis nem foto. Restou ele. Inconformado. E uma caixa postal abarrotada que ficou para trás por deletar.
_Hola, es Juan Ramón. Cade usted?…/ Sin ti voy a morir. Quieres casarte conmigo?…/ Me compré un gato para nosotros. Regressa, mi vida, por favor!…/ Oi, é o Leonardo. Apareceu um gato aqui em casa. Só pode ser coisa tua. Melhor vir buscar rapidinho. Tô avisando… / Corazón, el gatito desapareció. Pero no te preocupes , voy a comprar um buldogue para nosotros…/ Mas cê é destemperada, mesmo, né?! Cachorro, agora? Dou dez minutos pra voar com ele daqui. Ou senão… /Preciosa, el perrito también sumió. Pero tengo una idea: voy a comprar una cabra, algunos periquitos y una pareja de chimpancés. Te amo mucho!…/ Ô, sua maluca! Tá achando que minha casa é o rancho da sogra, é? Vou te delatar pro Ibama, sua doida varrida! Pro Ibama, ouviu bem????…
Azar o seu…
2 ComentáriosNada é simples nessa vida. Pode parecer, mas não é. Vai por mim.
Chip de celular, por exemplo. Só trocar? Jura? Quem disse?
É um tanto de fila, senha e aguarda-sentado-que-em-pé-cansa, que vou te contar uma história.
Aconteceu com ela. No guichê nove. Quando um moçoilo uniformizado abaixou a cabeça e começou a digitar. Ela ainda tentou puxar conversa, explicar o motivo da visita. Nada feito. Primeiro o protocolo. O resto a gente vê depois.
Quarenta minutos se passaram. Com ela ali. Inquieta e balançando. Até que cansou. E foi do sacolejo ao estalar. Primeiro os dedos. Depois, os braços e o pescoço (que vem com sete vertebras, já tinham se atentado a isso? Pois é…).
Dali pro tamborilar foi um pulinho. Engatando numa cantata pra três solistas e coro com grande orquestra. Coisa de gente bem à toa.
Por pouco não apelou. Mas estreitos princípios cristãos e anos de terapia ayurvédica fizeram-na declinar. Ao invés, enumerou. Das coisas iniciadas com “a”, aquelas terminadas em “ixe”.
E seguiu improvisando. Roeu unha, mastigou língua, ajeitou a franja e reposicionou a meia no tênis. Abriu dúzia e meia de clips e com eles montou pentagramas e uma maquete da ala leste setentrional do Kremlin.
O outro? Ainda digitava.
Bem quando a moça deparou com uma lixa velha na bolsa. E saiu arredondando tudo. Mas antes que sangrasse, parou. Olhos fixos no cabron, que teclando estava, teclando continuou.
Mas que tanto esse homem escreve, Deus do céu? Nem se rediagramasse a bíblia inteira, pensou ela, Versão exclusiva do diretor, sem cortes, incluindo extras e comentários dos figurantes.
Tentou contato mais uma vez. E muitas outras vezes além dessa. Mas o danado desconversava e voltava ao telectec original. Último som que ouviu, pouco antes de apagar. E teria dormido mais, não fosse o encontrão com um velhinho que por lá se exercitava.
Volte ao seu lugar ou acaba perdendo a vez, tratou de avisar ao desconhecido, que retrucou.
_Pior é a trombose, minha filha? É tempo demais socado numa cadeirinha. Mas comigo não, viu? Comigo, não…
Ela riu. Mas pouco. Que tem coisa que chama. E o bicho quando vem, vem com força de enxurrada. Geralmente sem nem tempo de assentar. Ao menos com ela foi assim.
Quando viu, o comichão já lhe subia pelas pernas, azulando a boca e o seu entorno. Com a angina supurando no tacho, que nem doce.
Saiu de lá carregada, com o povo todo em cima. E o garoto do guichê, correndo logo atrás, Ei, psiu! Ô, dona, aproveita que saiu o número do protocolo. Vai querer anotar, não?, e deu de ombros, Azar o seu…
Silêncio absoluto no recinto. Que durou pouco. Já que se lançaram sobre ele. A clientada toda. Revoltada e convulsiva.
De fundo, só ela. Lá na maca, aplaudindo e assoviando. E entre uma coisa e outra ainda arrumava forças pra gritar, entusiasmadíssima, Bravo! Bravíssimo…